Jens Andermann fará uma palestra no Instituto de Letras da
Uerj no dia 7 de julho. O tema é bioarte e conta também com a
presença do artista plástico Eduardo Kac.

Ao passearmos pela Praça XV, dificilmente paramos para concatenar alguma reflexão sobre a estátua que ali paira. Alguns sequer imaginam quem seja a tal figura histórica, quiçá o significado daquela construção. Leia o que o professor disse sobre o Monumento em homenagem ao General Osório erguido no local:
“O monumento reapropriou o espaço urbano e nacional em nome
da vitoriosa República. Comandante e chefe brasileiro durante a Guerra do
Paraguai de 1865 a 1870, Osorio foi um candidato plausível a herói fundador do
nacionalismo militar. Por meio de sua glorificação, a história poderia ser
rescrita como uma tradição de luta militar vitoriosa desde sempre, combatendo
pela República. A imortalização escultural e fotográfica de Osório foram os
componentes visuais de um complexo rito de reapropriação de um espaço urbano
que havia sido o centro cerimonial do Estado Imperial. Seu processo ritual
também evolveu o sepultamento dos restos do general em uma pequena cripta sob o
monumento e o rebaptismo da praça como Praça XV de novembro, em recordação da
revolução republicana.”
Aqui é basicamente o fundamento da pesquisa de Andermann:
“É claro que o poder público na américa latina sempre se
expressou de formas tanto visuais e sonora quanto discursivas – os elaborados
rituais públicos da monarquia imperial entre 1822 e 1889 sendo apenas os mais
surpreendente dos muitos exemplos. Mas eu argumento que foi somente mais para o
fim do século que ás formas visuais foi explicitamente confiada uma função hegemônica. Os povos têm necessidades de relíquias e de
santuários para conservarem a tradição, como afirmou o presidente da Argentina
Miguel Juárez Celman em um discurso diante do congresso em 1887.
A proposta da Óptica do Poder:
“Estudarei as maneiras pelas quais essa limitada e
contraditória tentativa de hegemonizar a sociedade através das formas visuais
expressou a si mesma: não meramente os monumentos e os templos, mas também
formas menos explicitas e portanto frequentemente mais persuasivas, como as
mostras de museus, os relatos fotográficos de viagem, as pinturas
paisagísticas e históricas, os mapas e
os atlas”.
Andermann enfocou a questão do Museu sob uma ótica
diferente:
“Enquanto os museus dos anos 1860 e 1870 apoiaram ativamente
a organização das exposições de comercio e indústria, para o fim do século,
eles gradativamente se configurariam como guardiães dos valores imateriais e
permanentes intocados pelo mercado e sua frívola estética do efêmero e do
espetacular. Os museus passaram a ser concebidos como um refúgio contra a
cultura visual do mercado, anunciando um processo mais geral de diferenciação
entre os reinos do Estado e do capital”.
A natureza também possui um papel vital para a “visualidade
de um país”, como uma herança colonial:
“A natureza continua a emblematizar o caráter distintivo do
nacional porque esse era o modo pelo qual ela representava a nação no mercado
mundial, a despeito de sucessivas tentativas de industrialização nacional. Em
nossos dias essa performance da natureza encontra seu último refúgio no consumo
visual de paisagem do turismo internacional”.
Depois de ler “A Ótica do Estado...”, a conclusão é que o
Estado está fundado não em mapas, museus ou fotografias, mas no modo de ver que
eles invocam.
Jens Andermann também escreveu sobre cinema brasileiro e
argentino. Por ora, os interessados em arte e cultura podem conferir sua palestra no Instituto de Letras.
Palestra: Formas vivas - bioarte latino-americana e a sobrevida das paisagens, por Jens Andermann. Com Eduardo Kac.
Local: Mini auditório da pós-graduação do Instituto de Letras, Uerj Maracanã
Dia: 7 de julho (terça) Hora:17h
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