
Para José Miguel Nieto Olivar, o autor, a meta não é
discutir os motivos que levaram as mulheres a esta opção de fazer programa, mas
a maneira como contam e lembram suas trajetórias...a cidade, o trabalho e seus
afetos.
Para elaborar a tese de doutorado, da qual deriva este
livro, ele participou ativamente das diversas ações políticas e pedagógicas do
Núcleo de Estudos da Prostituição (NEP), de Porto Alegre, organização de
prostitutas que trabalha pela saúde, autoestima e cidadania.
Embora tenha centrado as ações em Porto Alegre, também
articulou sua pesquisa no Rio de Janeiro e em Puerto Berrío, na Colômbia. No
caso do Rio, por intermédio de colaboração com organizações como a DAVIDA e com a Associação
Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA).
Observando de perto os passos de suas heroínas, Devir Puta acaba por iluminar as
políticas públicas em relação à prostituição, aspectos do jogo político, cujas
peças eventualmente impedem justas conquistas da categoria.
A vida decididamente não fácil. A bancada religiosa que
impede que se legitimem conquistas da classe nas esferas políticas, as
feministas que veem a prostituta como alguém que degrada a imagem da mulher, polícias e gigolôs que eventualmente impõem a brutalidade para explorá-las. Até
as outras, aquelas que “dão de graça”, aparecem como adversários, na visão
destas profissionais. Mas, politizadas e longe de qualquer vitimização, são
elas, as protagonistas de Devir Puta,
de José Miguel Nieto Olivar, lançamento da Editora da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (EdUERJ). Narrativa de cunho político-existencial, o livro pode desmantelar
qualquer preconceito sobre o tema.
Devir Puta
faz parte da Coleção sexualidade, gênero e sociedade, do Centro Latino-americano
em sexualidade e direitos humanos (CLAM/IMS-UERJ).
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