Para o professor da Universidade Federal de Minas Gerais, José de Paiva dos Santos, responsável pela tradução e pela introdução do livro de Tillis, a literatura de Zapata “constitui terreno fértil para o debate acerca de temas que permeiam nossa cultura pós-moderna”. No caso, enfoques como “identidades fragmentadas, hibridismos, cosmopolitismos, transnacionalidade e transculturalidade”, segundo o professor.
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Prof. Tillis, o autor |
Um dos trunfos relativos à literatura de Zapata é que a realidade dos descendentes africanos na Colômbia encontra um paralelo nos povos de outros países latinos. O próprio autor, um escritor mestiço, de pai negro e mãe com raízes espanhola e indígena, conviveu e reproduziu em seus textos as subjetividades que compunham sua pessoa.
Há de se questionar por que no Brasil, um país afetado em demasia por questões concernentes à desigualdade racial, exista dificuldade para se encontrar o exemplar de um livro de Zapata Olivella. Com isso, perdura um cenário em que a maioria de narrativas existentes reproduzem apenas a visão herdada dos colonizadores, aquela em que as etnias negras ou indígenas têm suas contribuições subestimadas.
Felizmente hoje existe um crescente esforço no sentido de uma reavaliação do impacto da contribuição das raízes africanas para a formação da sociedade. Em sintonia com este movimento,Zapata Olivella e o “escurecimento” da literatura latino-americana insere-se como indicação para estudiosos de literatura ou para os interessados em compreender de forma plural a cultura da sociedade latino-americana.
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