sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O lado mais instigante da geografia

Carl Sauer : pioneiro
É impossível pensar em assuntos amplos como religião, literatura, política e cinema sem delimitarmos um cenário onde a ação se passa. Por exemplo, ao falarmos de religião, o contexto será totalmente diferente se abordarmos a Índia ou o Brasil. Assim como o cinema americano também é distinto daquele que é feito na Argentina. O ser humano e suas manifestações culturais não podem ser interpretados fora do contexto da sociedade ou do ambiente onde foram criados.
Esta observação sobre a relação dos grupos sociais e seu respectivos habitats é o lado mais instigante da geografia, e o foco de Geografia Cultural – uma antologia volume ll, organizado pelos professores Zeny Rosendahl e Roberto Lobato Corrêa, lançamento da EdUERJ.
Os artigos foram selecionados principalmente da Coleção Geografia Cultural, também editada pela EdUERJ, que tem mais de 20 títulos publicados, alguns fora de catálogo.  A antologia enfoca as duas linhas principais da geografia cultural: a baseada em Carl Ortwin Sauer, marcada pelo lançamento de “A morfologia da paisagem” em 1925, e a nova geografia cultural, vertente que ganhou força nos anos 1980.
Para ilustrar, o ponto de vista saueriano enfoca a cultura como um conceito amplo incluindo até aspectos mais plurais como a moral e as leis vigentes. Já pelo olhar interpretativo da nova geografia cultural, a cultura é a representação de nichos culturais, que surgem nem sempre com rígidas delimitações espaciais.  As duas visões às vezes divergem, mas também podem ser complementares. Neste volume predomina a linha da nova geografia cultural.

A antologia divide-se em cinco partes: O urbano e a cultura; Formas simbólicas e espaço; Espaço e religião; Festas e espaço; Identidade e território; e Cinema e literatura.

O urbano, quase sempre associado ao progresso
Mesmo quem não é da área de geografia pode ler, tem relação com comunicação, história, antropologia, etc. É o homem modificando o meio e o meio modificando o homem. Uma questão não tão simples, mas que rende artigos bem oportunos, como o texto de Roberto Lobato sobre shopping center e suas construções como artifícios para estimular o consumo.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Fotos da Festa da Ciranda


 Festa da Ciranda na sexta-feira, 22 de novembro. Com Claudia Roquette-Pinto, Italo Moriconi e Paulo Henriques Britto.

O público prestigiou o debate e a leitura de poesia na Casa de Leitura Dirce Cortes Riedel.






 




O poema, lido em voz alta,
oferece uma nova experiência ao público.

Só ouvindo para crer.

Vale lembrar que os dois poetas convidados são protagonistas  da edição da Ciranda da Poesia "Claudia Roquette-Pinto por Paulo Henrique Britto", publicado pela EdUERJ.

Fiquem de olho, porque aqui vamos noticiar
as próximas edições da Festa da Ciranda.








terça-feira, 19 de novembro de 2013

Festa da Ciranda: próximo 22 de novembro





Na próxima sexta-feira 22 de novembro, mais uma edição da Festa da Ciranda. Estou reproduzindo ao lado o convite, assim como uma poesia de Claudia Roquette-Pinto, que transcrevi do volume Claudia Roquette-Pinto por Paulo Henriques Britto, da coleção Ciranda da Poesia, publicado pela EdUERJ. Aguardo vocês lá!



 
Jazz
 
A noite tece ao redor
há uma lua uma abó
bada um rosto de lilian gish
que alguém deixou de propósito
atrás da mureta a
aspereza azul levita
e torna a afundar
abrindo a prata e ror nessa hipnose
correm as notas pela escada
pérola    as teclas
os degraus
eis:             e depois
um sax desperta flores nos quadris.
 
 
de que lugar de mim verto esse caos?

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

“Além dos limites”: ensaios que valorizam o ingrediente humano

Além dos limites – ensaios para o século XXI, lançamento da Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (EdUERJ), é fruto de cooperação acadêmica entre a Uerj e a Universidade de Winnipeg, no Canadá. O livro traz reflexões sobre aspectos da arte e da cultura contemporâneas, privilegiando um leque amplo, que inclui estudos não só sobre manifestações artísticas, mas também sobre economia, capitalismo e globalização mundial.
Organizado pelos professores Maria Conceição Monteiro, Guillermo Giucci e Neil Besner, o livro está em sintonia com o fato de que no mundo globalizado as diferentes áreas de conhecimento se contaminam. Contudo, o cruzar de limites sugerido pelo título do livro não se refere somente à multiplicidade de assuntos tratados (e à forma como intercambiam-se), mas também à nacionalidade heterogênea dos autores, ocasionando um livro multilíngue, com textos em português, inglês e espanhol. Os artigos são assinados por Alckmar Luiz dos Santos, Barry M. Katz, Bernard McGuirk, David Martin-Jones, Efraín Kristal, Ferreira Gullar, Gabriel Galli, John Urry, Juan Grompone, Manuel Antônio de Castro e Paul Davidson.
São debatidos a literatura, o cinema, a música, o design, a tradução, a reinvenção da arte (aqui em ensaio de Ferreira Gullar). Ao falar destas expressões artísticas, os autores versam também sobre um mundo conectado, em que as novidades vão se substituindo umas às outras, em velocidade crescente. Esta é uma preocupação recorrente nos ensaios selecionados.

No capítulo Reinvenção da arte, Ferreira Gullar argumenta que a busca incessante de novidades conduziu-nos “à desintegração das linguagens artísticas”, propondo que estas devem reinventar-se. Já em seu artigo sobre literatura, Alckmar Luiz dos Santos sugere: “deixemos a velocidade para a máquina, a nós resta o prazer de pensar”. O resultado não aponta para caminhos, mas para novas formas de pensar sobre o cotidiano.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O futuro do livro é novo e livre (Seminário Fiocruz - parte 1)

Como vamos autografar um livro digital?
No dia 8 de novembro, como parte do seminário em homenagem aos 20 anos da Editora Fiocruz, duas palestras movimentaram o evento: a do editor executivo da EdUERJ, professor Italo Moriconi, e a do coordenador do Programa SciElo, Abel Packer. Como coordenador da mesa, participou Domício Proença, imortal da Academia Brasileira de Letras.

Abel Packer iniciou o encontro, ressaltando o fato de que o Programa SciELO agora também inclui livros em sua plataforma digital. Em seguida, expôs sua visão sobre o momento atual do livro:

- O que importa é o conteúdo e não o suporte em que ele está. Com o material corretamente formatado, é possível ler na China ou em qualquer lugar. O livro é uma entidade de transmissão de conhecimento e, como uma entidade em si, liberta-se do suporte do papel. 

Em termos de produção científica mundial, ele detecta que um dos problemas das editoras universitárias brasileiras está na língua portuguesa, e da pouca visibilidade desta na web.

Para o professor Italo Moriconi, embora o futuro do livro acadêmico passe pela questão digital, “a pessoa que está terminando sua pesquisa ou mesmo a que está fazendo um doutorado, em determinados momentos vai precisar do livro impresso como suporte”.

E acrescenta citando uma distinção:

- As pessoas ainda valorizam o livro e o jornal impressos. Uma coisa é ser viral na internet, outra é ser uma referência na mídia impressa.

Para ele, o panorama atual é de transição:

- O digital ainda não deslanchou. É uma tendência que ainda vai crescer, mas no Brasil a velocidade é menor. O problema é a quantidade de leitores e também de acesso ao computador. O digital implica uma mudança civilizacional. É uma mudança antropológica, o timing ainda não dá para prever.

Em seu aparte, Domício Proença Filho citou o fato de muitas vezes uma tiragem de 3.000 exemplares demorar anos até se esgotar, em se tratando do mercado editorial brasileiro. Observou a realidade digital, em que é possível conter uma biblioteca dentro de um tablet. Também aludiu às novas gerações, que crescem acostumadas às linguagens dos computadores.

Otimista, trouxe uma perspectiva:

- Hoje o mercado está exigindo a presença da língua portuguesa, ela está tentando aparecer.

E finalizou as atividades do dia citando o poeta espanhol António Machado:

- O caminho se hace al andar

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Para músicos e cientistas

São muitos os caminhos pelos quais a música pode ser percebida: como arte; como soma de harmonia, melodia e ritmo; ou mesmo como cultura que se propagou pela herança de diferentes etnias. Contudo, seja qual for o conceito escolhido para definir música, não podemos ignorar que ela se constitui de uma série de interações que pode ser explicada pela ciência. Esse desvendamento é a trilha principal de A física na música, lançamento da EdUERJ com textos selecionados pelos professores Maria Lúcia Grillo e Luiz Roberto Perez. Trata-se de uma leitura que torna os fundamentos científicos da música mais acessíveis ao público em geral.

Por mais diferentes que sejam os intérpretes ou estilos - clássico ou funk, rock ou valsa, etc - ainda assim, podemos enxergar e destrinchar o que se ouve sob o prisma da ciência. Justamente para esclarecer os “ingredientes invisíveis” da música, os organizadores da coletânea selecionaram (e também escreveram) artigos com temas como acústica, ressonância, propriedades das ondas sonoras, ouvido musical e musicoterapia. Por ser uma das mais apaixonantes manifestações culturais do homem, a música tem tal poder de deslumbramento que, diante dela, poucos se questionam sobre temas como a representação física de uma nota musical. A Física na música nos leva por esse terreno.


Os capítulos contêm muitos exemplos práticos, e, levando em consideração a finalidade educacional da publicação, sugerem exercícios para fixar o conteúdo. Com uma abordagem teórica acessível, também são apontadas utilidades pedagógicas para mestres, como no capítulo 3, escrito por Maria Lucia Grillo, "Uma proposta de utilização da acústica musical no ensino da física". O resultado é um estudo que observa o papel da música nos campos da arte e da ciência, sem menosprezar sua importância social, indicado para estudantes de física e para amantes do som em um sentido mais amplo.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

As diversas faces de um lançamento

Sonia Cristina Gama assina um exemplar.
Na quinta-feira, 7 de novembro,  foi realizada a noite de autógrafos de As diversas faces da propriedade industrial, publicação da EdUERJ com apoio da Faperj.
A reunião foi na Livraria Mini Book, no Museu de República. Os autores dos artigos do livro estiveram presentes para compor a mesa e assinar os exemplares. Noite de divulgação de um trabalho, mas também de confraternização.





Taís Villela e Patrícia Barbosa: autoras
Erica Lopes prestes a autografar

Erica  Lopes,  Elisangela Silva, Taís Villela, Sonia Gama e Patrícia Barbosa

Em destaque à esquerda, Erica Lopes (assinando) e Elisangela Santos da Silva

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Livro aborda práticas pedagógicas e a formação do leitor brasileiro

Leitura, pesquisa e ensino, de Márcia Cabral da Silva, traz à tona um processo significativo para a sociedade brasileira: a formação do leitor. O livro, publicado pela EdUERJ com apoio da Faperj, trata da leitura, não apenas como prática, mas como uma ação cujas raízes remetem a contextos educacionais como destaque para o papel que o professor pode desempenhar.
Os ensaios do livro são fundamentados em procedimentos de pesquisa, assim como em fatos históricos, contextualizando o leitor e a educação em diferentes recortes temporais. São temas como a prática de leitura nas bibliotecas populares, a utilização dos manuais escolares em sala de aula ou as características da versão de Monteiro Lobato para Dom Quixote (voltado para crianças), só para citar alguns. Entre os capítulos, um deles é dedicado à leitura no nordeste nos séculos XIX e XX. A penúria do processo alfabetizante da região é analisada, com alusões ao romance autobiográfico Infância, de Graciliano Ramos.
 A coletânea enfatiza o contexto educacional, no instante quando emerge, da relação entre o estudante e a escola, a possibilidade da formação de novos leitores. Neste âmbito, são enfocados projetos de leitura, o texto como aliado do professor, a utilização da literatura na aula, e até mesmo os motivos pelos quais o aluno deve ler. Esta última, uma questão que leva Márcia Cabral a enumerar as razões, com uma referência à Cecília Meirelles: ler “para decifrar os enigmas da vida”.
 
Identificando a motivação dos estudantes, a autora admite que ler é uma tarefa a ser exercida. O tipo de atividade que, quando envolve alunos e mestres, demanda condições especiais, como silêncio, o que nem sempre é simples. Em frente à urgência de se cumprirem prazos pedagógicos e da quantidade de conteúdos a serem ministrados em sala de aula, a autora questiona como é possível garantir a leitura como prática social.
 
A falta de tempo surge como obstáculo. Márcia Cabral observa que nem sempre as pessoas leram “da forma apressada como se lê contemporaneamente". Contudo, a autora não se acomoda em uma afirmação de cunho crítico. Ao contrário, no capítulo 10, propõe uma série de atividades para transformar a leitura em uma prática social no ambiente escolar, utilizando a biblioteca da escola como espaço de referência.
 
Entre relatos, conclusões e propostas, Leitura, pesquisa e ensino pode ser atraente para professores, assim como para pesquisadores em ciências humanas, ajudando  a conhecer a história do impresso no Brasil.
 

Seminário O Futuro do livro é o livro

A Editora da Fiocruz é uma das principais editoras universitárias públicas do Rio de Janeiro e completa 20 anos em 2013. Nesta semana, eles realizam um seminário bem atraente para os interessados no mercado editorial. O professor Italo Moriconi, editor executivo da EdUERJ, vai participar no dia 7 de novembro da mesa O Futuro do livro é novo e livre?, que conta com Abel Packer, coordenador do Programa SciELO. 

Segue a programação completa. Os interessados podem se inscrever pelo site  www.fiocruz.br.

O FUTURO DO LIVRO É O LIVRO
Luis David Castiel, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz)

Local: Academia Brasileira de Letras (ABL)

PROGRAMAÇÃO:

6 de novembro

Mesa de abertura
17h-17h30
Ana Maria Machado, presidente da ABL
- Nísia Trindade Lima, vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz e diretora da Editora Fiocruz
- Lívio Amaral, diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (Capes)
- José Castilho Marques Neto, secretário executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL)
- João Canossa, presidente da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu)
- Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz

Conferência de abertura O futuro do livro é onde estão autores e leitores
17h30-18h15: Palestra de Renato Lessa, presidente da Fundação Biblioteca Nacional
Coordenação: Nísia Trindade Lima

18h15-20h: Coquetel de boas-vindas


7 de novembro

Mesa O futuro do livro é novo e livre?
9h30-10h15: Palestra de Abel Packer, coordenador do Programa SciELO
10h15-10h30: Comentários do mediador/debatedor
10h30-11h: Coffee break
11h-11h45: Palestra de Italo Moriconi, editor executivo da Eduerj
11h45-12h: Comentários do mediador/debatedor
12h-12h30: Debate final


8 de novembro

Mesa O futuro do livro é onde está o conhecimento
9h-10h: André Botelho, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ), e
10h-10h15: Comentários do mediador/debatedor
10h15-10h45: Coffee break
10h45-11h30: Palestra de Deonísio da Silva, escritor e diretor da TV Estácio
11h30-11h45: Comentários do mediador/debatedor
11h45-12h15: Debate final
Mediador/debatedor: Arlindo Fábio G. de Sousa, Canal Saúde

12h15-14h: Almoço

Conferência de encerramento [título a definir]
14h-14h10: Apresentação do conferencista pela coordenadora
14h10-15h10: Conferência de John B. Thompson, professor de sociologia da Universidade de Cambridge, autor do livro Mercadores de Cultura, recém-lançado em português pela Editora Unesp [haverá serviço de tradução simultânea]
15h10-15h30: Comentários do mediador/debatedor e agradecimentos
Coordenação: Nísia Trindade Lima


15h30-18h: Coquetel de encerramento e lançamentos editoriais

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

EdUERJ lança ensaios sobre a propriedade intelectual



O ambiente nacional favorável ao desenvolvimento tecnológico, conceito mundialmente conhecido por Sistema Nacional de Inovação (SNI) movimentam os ensaios de “As diversas faces da propriedade intelectual”. Organizado por Celso Luiz Salgueiro Lage, Eduardo Winter e Patrícia Maria da Silva Barbosa, o livro é um lançamento da Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro(EdUERJ).
Alguns temas abordados no livro: o ensino da propriedade intelectual nos cursos superiores, o desafio de criação de uma marca regional no processo de integração do Mercosul, e a indústria fonográfica e seus aspectos semiológicos. Há tópicos que garantem o debate como o capítulo sobre o licenciamento compulsório de patentes de produtos farmacêuticos no Brasil, ou sobre a importância da inserção do profissional de saúde no contexto da propriedade intelectual.
Os textos ajudam a refletir sobre como funciona, no Brasil, o SNI, conceito que engloba o estado, a universidade ou institutos de Pesquisa, e as empresas. Em países como a Alemanha, o conjunto de fatores que compõe o SNI funciona de forma harmônica. Isto permite gerar, aplicar e divulgar o conhecimento científico, transformando-o, constantemente, em inovação tecnológica. No Brasil, a industrialização, assim como a criação de universidades e institutos de pesquisa, ocorreu de forma tardia. E o Sistema Nacional de Inovação mostra-se ainda imaturo.
O livro valoriza as formas de proteção da propriedade intelectual, ressaltando a importância destas medidas para resguardar o desenvolvimento econômico que pode decorrer dos avanços tecnológicos. Investido desta ideia, sugere ações como o ensino de conceitos relativos à propriedade industrial em cursos de graduação.
Este lançamento é indicado a quem deseja uma visão realista do momento por que passa a propriedade intelectual, trilhando os caminhos nem sempre fáceis de um país em desenvolvimento.