quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Dicas culturais: Bienal e Casa de Leitura Dirce Cortes Riedel

Duas datas bacanas na Bienal: o encontro de autores da EdUERJ e o debate sobre literatura indígena no dia 3 de setembro, terça.  Sobre o encontro, vocês podem conferir na imagem ao lado. E sobre o debate, segue nota de divulgação:

Bienal do Rio: Escritores da EdUERJ discutem literatura indígena

"Na próxima terça-feira, 3 de setembro, o Café Literário, evento integrante da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, discute a questão do panorama atual da cultura indígena. A mesa, batizada de Guarani, Kaiowá e muito mais - Literaturas de índio,  é formada pelos professores Lucia Sá, autora de Literaturas da floresta – textos amazônicos e cultura latino-americana, e José Ribamar Bessa, de Rio Babel: a história das línguas na Amazônia, ambos publicados pela EdUERJ. A mesa, que será realizada às 19h, conta ainda com a presença ilustre de dois convidados de raízes indígenas, o educador Daniel Munduruku, com diversos livros publicados, e a escritora Graça Graúna, cuja tese de doutorado enfoca a literatura indígena contemporânea no Brasil. A curadoria do Café Literário é do professor Italo Moriconi."

Também merece ser conferida a programação da Casa de Leitura Dirce Cortes Riedel, que funciona em Botafogo. Nesta quinta já temos evento, confiram abaixo. Ah, o endereço é Rua das Palmeiras, 82, Botafogo, Rio de Janeiro. E o telefone é (21) 2334-8227.

Poesia Hispano-Americana: encontros
Coordenação: María Teresa Atrián Pineda
Objetivo: discutir a obra de poetas hispano-americanos fundamentais.
Idioma: língua espanhola
29 de agosto, de 18h às 21h - Vicente Huidobro - Chile
26 de setembro - Roberto Fernández Retamar - Cuba
31 de outubro - César Vallejo - Peru
28 de novembro - Jorge Luis Borges - Argentina
19 de dezembro - Jaime Sabines - México
Oficina de Leitura
Atividade coordenada pelo professor Ivo Barbieri, com base na discussão detalhada de uma obra.
Programação
setembro: A Colônia Penal, de Franz Kafka - dia 11; O Alienista, de Machado de Assis - dia 18
outubro: Memórias do subsolo, de Fiodor Dostoévski; O cobrador, de Rubem Fonseca; Uma vida em segredo, de Autran Dourado
novembro: Um coração simples, de Gustave Flaubert; Morte em Veneza, de Thomas Mann; A hora da estrela, de Clarice Lispector
dezembro: Bola de sebo, de Guy de Maupassant & A morte e a morte de Quincas Berro d’Água, de Jorge Amado

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Italo Moriconi dá dicas sobre o Café Literário da Bienal 2013



Diretor da EdUERJ, o professor Italo Moriconi é também o curador do Café Literário, evento com ampla programação na XVI Bienal Internacional do Livro do Rio de JaneiroA seguir, ele nos conta mais sobre a programação deste ano. 
Poderia indicar alguns destaques da programação do Café deste ano?

"Acredito que os diálogos com os autores alemães serão todos interessantes, por se tratarem de escritores muito representativos de uma nova geração de autores daquele país. Escalei uma excelente "seleção" de brasileiros para com eles dialogarem, vários dos quais estão sendo traduzidos para o alemão neste momento, graças ao estímulo que foi a escolha do Brasil para país homenageado da Feira de Frankfurt. Haverá tradução simultânea.

Outro segmento da programação que faz muito sucesso são os saraus poéticos. Este ano, teremos saraus em homenagem a Paulo Leminski, cujas obras completas lançadas recentemente configuraram um impressionante fenômeno de vendagem, e um outro sarau em homenagem a Vinicius de Morais, no ano em que se comemora seu centenário de nascimento.

A Bienal do Rio não podia deixar de homenagear o mais carioca dos poetas literários, pioneiro da conexão entre poesia e música popular em nossa cultura. Estarão na homenagem a Vinicius dois dos mais celebrados nomes da poesia brasileira atual, Antonio Cícero e Eucanaã Ferraz, acompanhados da inigualável poeta da palavra cantada Adriana Calcanhotto, que participará do Café nesta sessão e também numa outra sessão,  dedicada a seu trabalho com poesia infantil.

Além das inúmeras mesas com pesos pesados da literatura brasileira, assim como aquelas com autores estrangeiros de grande interesse (destaco Willi Gompertz, Matthew Quick, Mary Gabriel, Cesar Aira), gosto muito das propostas de sessões solo, jogando o foco sobre autores cuja trajetória combina excelência literária ou intelectual com forte presença na mídia, de modo que eles são representativos do novo perfil de escritor, em que a face jornalística adquire escala inédita de visibilidade e acatamento pelo público: Edney Silvestre, Miriam Leitão, Lya Luft. 

Estou muito feliz por Lya Luft ter aceito participar de nosso Café este ano. Ela é hoje, efetivamente, uma grande dama da nossa literatura. É uma honra recebê-la. Finalmente, assinalo a presença de alguns dos muito queridos amigos da Bienal, sem cuja presença o Café não seria o que é, ao longo dos anos: Ruy Castro, Ferreira Gullar, Laurentino Gomes, Mary del Priore, Ana Maria Machado, Luiz Rufatto.

Teremos ainda uma sessão especificamente dedicada a discutir o impacto das manifestações políticas de junho, com Frei Betto e Marcos Nobre. Esses são alguns destaques,mas a vasta programação do Café (são mais de 30 sessões, algo como 90 autores - não tenho o número preciso aqui)  tem muito mais coisa boa. Tudo é destaque na programação do Café, desculpem a imodéstia do curador!"


A Bienal (e o Café Literário) são realizados no Riocentro de 29 de agosto a 8 de setembro.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Sobre o livro "Mulheres ao espelho"




Entrevista: Eurídice Figueiredo


A professora do  Programa de Pós-graduação em  Estudos de literatura da UFF, Eurídice Figueiredo,  está lançando,  pela EdUERJ, o livro  “Mulheres ao espelho – autobiografia, ficção e autoficção".

Em entrevista ao nosso blog, ela contou mais sobre este lançamento.

 
Professora, como foi o trabalho de pesquisa que culminou nesta publicação?
Digo que a ideia do livro nasceu de minha leitura de romances de algumas escritoras da França e do Quebec porque me dei conta que havia uma grande diferença em relação ao que estava sendo produzido no Brasil; elas exploram a sexualidade feminina de maneira bastante violenta e negativa, mostrando o lado dos problemas e nem tanto o do prazer. As diferenças que se notam devem-se a diferenças mais gerais nas tradições literárias. Sobre a escrita da sexualidade: no Brasil tudo se passa de maneira mais velada, mais discreta e acho que isso não vai mudar tão rápido porque as mulheres aqui não querem se expor tanto. Nos livros em língua francesa que analisei – todos eles de qualidade literária - há uma escritora que rememora sua vida de garota de programa (eufemismo para prostituta), uma outra que conta que teve relação incestuosa com seu pai, uma que narra as vicissitudes de sua vida de drogada. Não temos isso no Brasil.

Por que você escolheu partir da literatura francesa para traçar um paralelo com a brasileira, em termos de tematização da sexualidade? Você acredita que na França exista alguma especificidade neste aspecto?

A especificidade diz respeito à produção de textos autobiográficos (diários, autobiografias, memórias): no Brasil a prática da escrita de si é muito mais rara do que na França. Basta lembrar que o gênero confessional começou na França com Jean-Jacques Rousseau no século XVIII; os diários de escritores e artistas são publicados desde o século XIX; há também uma larga produção de relatos de infância, autobiografias e memórias. O mesmo não ocorre no Brasil.

No livro, você fala muito de como as autoras francesas se expressam por meio da autoficção. Fale um pouco deste gênero, de suas diferenças para a autobiografia, e dos representantes brasileiros...

A autoficção é um romance que se inspira nos fatos efetivamente vividos pelo autor. A palavra foi cunhada pelo professor e escritor francês Serge Doubrovsky no seu livro Fils (1977). A autoficção seria um romance autobiográfico pós-moderno, com formatos inovadores: são narrativas descentralizadas, fragmentadas, com sujeitos instáveis que dizem “eu” sem que se saiba exatamente a qual instância enunciativa ele corresponde. Por outro lado, Doubrovsky lembra que, quando se escreve autobiografia, tenta-se contar toda sua história, desde as origens. A autobiografia estaria reservada aos grandes homens que, ao cabo de uma existência cheia de realizações - de caráter literário, cultural, político, militar – se debruçam sobre seu passado para contar sua vida.

Em relação à autoficção no Brasil, no sentido mais amplo que o termo está sendo usado agora, ou seja, sem as tecnicalidades expostas por alguns teóricos franceses como Doubrovsky, eu citaria, como exemplo, grande parte da obra de Silviano Santiago, de João Gilberto Noll, o romance “A chave de casa” de Tatiana S. Levy e “O filho eterno” de Cristóvão Tezza. O uso da palavra no Brasil é muito recente, mas já se faz autoficção há bastante tempo.

Por outro lado, ao optar por redigir uma obra de ficção, o autor pode expressar seu pensamento sem ser diretamente relacionado  às emoções dos personagens. Você acredita que hoje a ficção seja um gênero mais confortável paras jovens escritoras ou a autora brasileira hoje não está buscando uma zona de conforto?

Acho (como André Gide) que na ficção o escritor pode se sentir mais à vontade para falar de si mesmo. No entanto hoje em dia o romance está vampirizando as formas autobiográficas porque o sujeito está muito em evidência, o escritor está muito exposto às diferentes mídias e ele acaba usando pequenos elementos autobiográficos (os biografemas de Roland Barthes) nos romances. Antes de ser puramente um fenômeno literário, trata-se de um fenômeno social e cultural. O romance do final do século XX e do início do XXI é produto de seu tempo, o tempo da extimidade (nota do blog: este conceito é citado no livro de Eurídice como contraponto da palavra intimidade)

Hoje temos alguns best-sellers como Cinquenta tons de cinza (e todos seus avatares) escritos por mulheres que criaram personagens femininas submissas, que gostam de ser dominadas. Apesar da sexualidade sado-masô, são heroínas românticas como tantas outras. Contudo, existem escritoras muito mais feministas, como as que eu escolhi analisar para o meu livro. Elas tendem a salientar os problemas enfrentados pelas mulheres, inclusive os que passam pela sexualidade.

Que autora brasileira você destaca atualmente como uma representante de uma  literatura moderna autenticamente feminina?

Escritoras brasileiras interessantes: Tatiana Salem Levy, Carola Saavedra, Adriana Lisboa, Ana Maria Gonçalves. São romancistas que já têm uma produção significativa, com personagens femininas fortes e provocantes.

Para terminar, a quem você indica a leitura do seu Mulheres ao espelho?

Meu livro interessa sobretudo aos estudiosos de literatura, mas também a pessoas de outras áreas das Ciências Humanas que querem saber mais sobre as chamadas “escritas de si” e sobre as representações das mulheres.

Professora Eurídice Figueiredo, agradeço a sua entrevista para o Blog da EdUERJ.


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

terça-feira, 20 de agosto de 2013



Evento da Ciranda da Poesia nesta                      quarta 21 de agosto!

A Festa da Coleção Ciranda da Poesia comemora os vinte e um livros publicados em três anos desde sua criação. Lançada em 2010, a coleção tem como objetivo divulgar análises e impulsionar a leitura qualificada da poesia contemporânea brasileira e estrangeira, contribuindo também com a tradução e divulgação de poetas ainda inéditos ou pouco conhecidos no país. Concebida pelo poeta e professor de literatura, Italo Moriconi, atual editor da Eduerj – Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a coleção tem como conselho editorial os professores Viviana Bosi, Marcos Siscar, Diana Klinger e Masé Lemos.

A Coleção Ciranda da Poesia marcou o cenário da crítica de poesia desde o lançamento dos oito primeiros livros em 2010, quando Italo Moriconi foi finalista, pelo conjunto destes oito livros, ao 53º Prêmio Jabuti na categoria Teoria/Crítica Literária. Desde então, a coleção publica anualmente novos livros de crítica e antologia. Assim, na ocasião de mais um lançamento de uma nova leva de participantes desta Ciranda, iremos comemorar esses três anos de intensa atividade com leituras de poesia e conversas sobre a coleção. A Festa como forma de ação poética pretende ser o início de uma série de debates com os participantes da Ciranda da Poesia ao longo do segundo semestre de 2013 e que ocorrerá também na Casa de Leitura Dirce Cortes Riedel - UERJ - Rua das Palmeiras, 82 - Botafogo.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Freud & Lacan x Nelson Rodrigues, Gregório de Matos e Fernando Pessoa

Imagine se Lacan e Freud resolvessem analisar as criações de Nelson Rodrigues. E se eles também tivessem, como "pacientes", os poetas Fernando Pessoa e Gregório de Matos. O que Lacan ou Freud diriam de seus "analisados"?
Estes célebres personagens viveram épocas relativamente diferentes. Por exemplo, Gregório de Matos nasceu em 1623 (ou 33) e morreu em 1696, enquanto  Freud nasceu em 1856 e morreu em 1939, então com certeza não dividiram um consultório. Mas mesmo assim um encontro de ambos é possível, pelo menos no campo das ideias, uma vez que nos deixaram um legado de qualidade indiscutível.
Exatamente a proposta da psicanalista e professora de literatura de língua portuguesa, Nadiá Paulo Ferreira: observar as obras de Nelson, Gregório e Fernando, tendo, como referência, os conceitos de Freud e Lacan,
O resultado chama-se "Malditos, obscenos e trágicos", lançamento da EdUERJ.
E quem são os malditos do título? Os escritores ou os analistas? No livro de Nadiá, todos eles. Isto porque mexeram com um tema que é um vespeiro: a sexualidade.Como Freud ao abordar a sexualidade infantil ou Nelson ao caricaturar os valores burgueses em peças como "Vestido de noiva". E por tal coragem (de cometer "obscenidades"), foram alvo de todo tipo de maledicência (tornaram-se mal-ditos), ou seja, foram estigmatizados.
No caso, estigmatizar um autor é o artifício da sociedade para que suas obras percam a legitimidade, atribuindo o talento destes artistas e psicanalistas a motivações menos nobres. "Escrevem (ou pensam) isso porque são obscenos" é  a senha para que não sejam lidos. Não obstante, deixaram uma produção que sobreviveu bem ao tempo, sendo alvo de estudos e reflexões como este lançamento da Editora da Uerj.

"Malditos, obscenos e trágicos" é trabalho multidisciplinar: transita entre a psicanálise e a literatura, e, ao pensarmos que os "personagens" são reais, então também é um livro que nos conta sobre a evolução dos valores da sociedade.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Nelson Rodrigues: Persona

Acabando de sair:

  
Este livro observa como o dramaturgo Nelson Rodrigues agia de forma a criar, nos veículos de comunicação, uma imagem controversa e polêmica. A autora Maria Cristina Batalha analisa como esta imagem midiática apresenta-se como o ponto que une toda a produção criativa do autor.

Ao interpretar Nelson, Persona levanta várias hipóteses. Como a da página 56:

"Em artigo do Jornal do Brasil, Moacir Werneck de Castro traça um paralelo entre Nelson Rodrigues e o escritor argentino Jorge Luis Borges, destacando a habilidade com que ambos sabem brincar com o leitor, graças à reiteração de declarações extremadas de cunho altamente provocativo, com o intuito de estimular uma reação contrária. O papel reacionário seria, então, um simples instrumento pelo qual Nelson, borgeanamente, despertaria uma reação na esquerda. Neste sentido, ao contrário do direitista, Nelson estaria sendo solidário com seus colegas intelectuais, proibidos pela censura."

Este lançamento da EdUERJ é um convite ao debate, aliás como quase tudo que se relaciona ao genial criador.